quarta-feira, 25 de abril de 2007

Portal dos Alunos:um Espaço de Encontros...






EVOCAÇÕES do 25 de Abril


Repressão

Censura

Obscurantismo

Mentira

Tortura

Morte

Crime

Perseguição

GUERRA Exploração

Exílio

Miséria Analfabetismo


Pergunto ao vento que passa

notícias do meu país

e o vento cala a desgraça

o vento nada me diz


Pergunto aos rios que levam

tanto sonho à flor das águas

e os rios não me sossegam

levam sonhos deixam mágoas


(...) Pergunto à gente que passa

porque vai de olhos no chão.

Silêncio - é tudo o que tem

quem vive na servidão


(...) E o vento não me diz nada

ninguém diz nada de novo.

Vi minha pátria pregada

nos braços em cruz do povo.


Vi meu poema na margem

dos rios que vão pró mar

como quem ama a viagem

mas tem sempre de ficar


Há quem te queira ignorada

e fale pátria em teu nome.

Eu vi-te crucificada

nos braços negros da fome


E a noite cresce por dentro

dos homens do meu país.

Peço notícias ao vento

e o vento nada me diz


Mas há sempre uma candeia

dentro da própria desgraça

há sempre alguém que semeia

canções no vento que passa


Mesmo na noite mais triste

em tempo de servidão

há sempre alguém que resiste

há sempre alguém que diz não.


Obrigada, Manuel Alegre, por todos os teus

poemas




















Um comentário:

CIDE disse...

Gostei! Gostei muito desta homenagem ao dia da Liberdade, que não podemos esquecer. Nunca!

Gostaria de partilhar convosco um Texto critico e provocador sobre os nossos tempos de hoje, mesmo depois de 33 anos de Democracia:



DAQUI FALA O MOVIMENTO DAS FORÇAS INTERROGATIVAS (M.F.I.)

"O Povo Unido Jamais Será vencido"

Recordo esta frase, como se fosse hoje. Era uma máxima popular do pós-vinte e cinco de abril de 74 e através dela se reuniam forças e convicções. Nesse dia não tive aulas. A Escola de Alhos Vedros fechou portas e as pessoas estavam todas na rua. Confesso que foi um dia estranho, que só assimilei mais tarde, dentro daquilo que era possível nos meus onze anos de idade. As festas de 1 de Maio, Dia do Trabalhador, abriram-me algumas portas da minha lucidez ainda muito afectada. Não poderia ser mau: dias sem aulas, festas nas ruas, pessoas felizes, liberdade de expressão e o fim da Guerra Colonial. Nesse dia histórico fomos para Lisboa, ao som das buzinas do Ami 8. No Parque Eduardo VII bandeiras e multidões gritavam em unissono: "O Povo Unido, jamais será vencido". "Fascismo nunca mais". Era insólito, estranho, novo... mas era real. Gritei, porque todos gritavam e nesses prantos de alegria percebi que se tratava do inicio de uma nova Era. Era o primeiro dia do resto das nossas vidas jovens e promissoras.Outros tempos, tempos idos, convições passadas, ideologias vencidas.Na verdade, hoje em dia as convicções são outras e as energias/ forças estão concentradas/ apontadas noutros sentidos.O que é verdade é que o povo foi vencido e a democracia já não se compadece com etimologias ou convicções passadas. O governo já não é do povo e já nem se sabe o que é o povo. Aliás, ninguém é povo. Todos se consideram acima do povo ou pelo menos à margem desse antigo cliché.O que é verdade é que já não reconhecemos a democracia que descobrimos em Abril, nem se sabe ao certo onde se "situa", se bem que todos afirmamos viver num sistema democrático. Se é verdade que a democracia actual venceu o povo de Abril, também é verdade que é preciso repensar o que é isso de democracia no Portugal do Século XXI. O que é que a UE e a globalização fizeram aos ideais do Vinte Cinco de abril? Onde está o povo que jamais seria vencido? Quem tramou (e calou o povo que jamais seria vencido?
(Daqui fala o Movimento das Forças Interrogativas (MFI), com uma série de perguntas e perplexides.)

Luís Mourinha