segunda-feira, 23 de abril de 2007

Brincando com os conceitos: O Filósofo é aquele que captura o Real




Também o artista é aquele que "captura" o Real...




Esse acto de "predação" do Real , tanto no filósofo como no artista, são actos criativos em que o Real apreendido difere necessariamente da realidade em si mesma. A propósito do acto criativo como representação , escreveu Oscar Wilde no Prefácio da obra " O Retrato de Dorian Gray":




« O artista é o criador de coisas belas.


O objectivo da arte é revelar a arte e ocultar o artista.


O crítico é aquele que sabe traduzir de outro modo ou para um novo material a sua impressão das coisas belas.


A mais elevada, tal como a mais rasteira, forma de crítica é um modo de autobiografia.


Os que encontram significações torpes nas coisas belas são corruptos sem sedução, o que é um defeito.


Os que encontram significações belas nas coisas belas são os cultos. Para esses há esperança.


Eleitos são aqueles para quem as coisas belas apenas significam Beleza.


Um livro moral ou imoral é coisa que não existe. Os livros são bem escritos, ou mal escritos. E é tudo.


(...) A vida moral do homem faz parte dos temas tratados pelo artista, mas a moralidade da arte consiste no uso perfeito de um meio imperfeito. Nenhum artista quer demonstrar coisa alguma. Até as verdades podem ser demonstradas.


Nenhum artista tem simpatias éticas. Uma simpatia ética num artista é um maneirismo de estilo imperdoável.


Um artista nunca é mórbido. O artista pode exprimir tudo.


O pensamento e a linguagem são para o artista instrumentos de arte.


O vício e a virtude são para o artista matérias de arte.


Sob o ponto de vista da forma, a arte do músico é o modelo de todas as artes. Sob o ponto de vista do sentimento, é a profissão de actor o modelo.


Toda a arte é, ao mesmo tempo, superfície e símbolo. Os que penetram para além da superfície, fazem-no a expensas suas.


O que a arte realmente espelha é o espectador, não a vida.


A diversidade de opiniões sobre uma obra de arte revela que a obra é nova, complexa e vital.


Quando os críticos divergem, o artista está em consonância consigo mesmo.




Podemos perdoar a um homem que faça alguma coisa útil, contanto que a não admire. A única justificação para uma coisa inútil é que ela seja profundamente admirada.


Toda a arte é completamente inútil.»






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