segunda-feira, 19 de março de 2007

Um dos mais belos e controversos textos sobre a problemática do Ser e do Conhecer


FRAGMENTOS


Da Natureza:

Os corcéis que me transportavam conduziram-me para o além, para onde a minha alma podia desejar.Lançaram-se os corcéis na gloriosa estrada dos deuses, orientando o sábio através de todas as cidades, e assim me arrebataram, para o além me guiaram, os hábeis ginetes que puxavam o meu carro.

Meus passos eram orientados pelas ninfas. Incandescente nos cubos das rodas, que moviam o carro, o eixo fazia ouvir o grito estridente da flauta, quando as filhas de Hélio, saindo da nocturna morada, para me conduzirem à luz, deixaram cair das mãos os véus que lhes velavam os rostos. Eis as portas que abrem para os caminhos da Noite e do Dia.(...) Em frente das portas, sobre a larga estrada, as ninfas conduziram o carro e os corcéis. A divindade recebeu-me com benevolência, tomou a minha mão direita, apertou-a na sua, e disse:

« Benvindo sejas, jovem, a quem as imortais aurigas trouxeram, tu, a quem este carro trouxe à nossa morada! Não foi uma sorte funesta que te guiou para estas paragens, mas sim o amor da Justiça e da Verdade.»


( E assim falou a Divindade, iniciando o jovem filósofo (Parménides) na senda da Luz filosófica. E mais disse:)


« Deves ser elucidado sobre todas as coisas, já do coração incomovível da Verdade, já das humanas opiniões. Não deve dar-se o menor crédito às opiniões, mas devem conhecer-se para que, pelo estudo, saibamos qual o juízo a fazer da opinião. Afasta o pensamento dessa via e não deixes que o hábito te leve a olhar para este caminho às cegas, às surdas, dizendo palavras insensatas! Aplica a razão para responderes ao enigma de que falei,(...) medita o que se subtrai à visão e o que deixa ver-se!


( E assim falou a Divindade, exortando o jovem filósofo à descoberta das agruras da Iniciação Filosófica, com uma subtil promessa de Luz numa caminhada que se faz " contra a corrente").


Parménides foi iluminado pela Divindade.


Que diria o nosso Pintor ( quando apenas dispõe de um peixe para lhe ensinar o caminho do Ser e da Verdade? )




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