EVOCAÇÕES do 25 de Abril
Repressão
Censura
Obscurantismo
Mentira
Tortura
Morte
Crime
Perseguição
GUERRA Exploração
Exílio
Miséria Analfabetismo
Pergunto ao vento que passa
notícias do meu país
e o vento cala a desgraça
o vento nada me diz
Pergunto aos rios que levam
tanto sonho à flor das águas
e os rios não me sossegam
levam sonhos deixam mágoas
(...) Pergunto à gente que passa
porque vai de olhos no chão.
Silêncio - é tudo o que tem
quem vive na servidão
(...) E o vento não me diz nada
ninguém diz nada de novo.
Vi minha pátria pregada
nos braços em cruz do povo.
Vi meu poema na margem
dos rios que vão pró mar
como quem ama a viagem
mas tem sempre de ficar
Há quem te queira ignorada
e fale pátria em teu nome.
Eu vi-te crucificada
nos braços negros da fome
E a noite cresce por dentro
dos homens do meu país.
Peço notícias ao vento
e o vento nada me diz
Mas há sempre uma candeia
dentro da própria desgraça
há sempre alguém que semeia
canções no vento que passa
Mesmo na noite mais triste
em tempo de servidão
há sempre alguém que resiste
há sempre alguém que diz não.
Obrigada, Manuel Alegre, por todos os teus
poemas
Um comentário:
Gostei! Gostei muito desta homenagem ao dia da Liberdade, que não podemos esquecer. Nunca!
Gostaria de partilhar convosco um Texto critico e provocador sobre os nossos tempos de hoje, mesmo depois de 33 anos de Democracia:
DAQUI FALA O MOVIMENTO DAS FORÇAS INTERROGATIVAS (M.F.I.)
"O Povo Unido Jamais Será vencido"
Recordo esta frase, como se fosse hoje. Era uma máxima popular do pós-vinte e cinco de abril de 74 e através dela se reuniam forças e convicções. Nesse dia não tive aulas. A Escola de Alhos Vedros fechou portas e as pessoas estavam todas na rua. Confesso que foi um dia estranho, que só assimilei mais tarde, dentro daquilo que era possível nos meus onze anos de idade. As festas de 1 de Maio, Dia do Trabalhador, abriram-me algumas portas da minha lucidez ainda muito afectada. Não poderia ser mau: dias sem aulas, festas nas ruas, pessoas felizes, liberdade de expressão e o fim da Guerra Colonial. Nesse dia histórico fomos para Lisboa, ao som das buzinas do Ami 8. No Parque Eduardo VII bandeiras e multidões gritavam em unissono: "O Povo Unido, jamais será vencido". "Fascismo nunca mais". Era insólito, estranho, novo... mas era real. Gritei, porque todos gritavam e nesses prantos de alegria percebi que se tratava do inicio de uma nova Era. Era o primeiro dia do resto das nossas vidas jovens e promissoras.Outros tempos, tempos idos, convições passadas, ideologias vencidas.Na verdade, hoje em dia as convicções são outras e as energias/ forças estão concentradas/ apontadas noutros sentidos.O que é verdade é que o povo foi vencido e a democracia já não se compadece com etimologias ou convicções passadas. O governo já não é do povo e já nem se sabe o que é o povo. Aliás, ninguém é povo. Todos se consideram acima do povo ou pelo menos à margem desse antigo cliché.O que é verdade é que já não reconhecemos a democracia que descobrimos em Abril, nem se sabe ao certo onde se "situa", se bem que todos afirmamos viver num sistema democrático. Se é verdade que a democracia actual venceu o povo de Abril, também é verdade que é preciso repensar o que é isso de democracia no Portugal do Século XXI. O que é que a UE e a globalização fizeram aos ideais do Vinte Cinco de abril? Onde está o povo que jamais seria vencido? Quem tramou (e calou o povo que jamais seria vencido?
(Daqui fala o Movimento das Forças Interrogativas (MFI), com uma série de perguntas e perplexides.)
Luís Mourinha
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